quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Eu amo de filmes de terror. Eu confesso que quando não tenho nada para fazer, eu mergulho no IMDB ou no Scary Torrents para caçar algum filme de terror legal. Se eu não acho nenhum que me interesse, eu revejo algum que eu gostei. Digo, sem vergonha alguma, que já vi Pânico mais de 20 vezes (e eu tô falando sério), já reescrevi roteiros de filmes de terror pois a ideia central era boa mas percebi vários furos no roteiro, já sonhei com filmes em que eu estava em um acampamento com meus amigos e um maluco tentava matar a gente (Oi, Jason), já desenvolvi várias teorias de como eu me sairia em determinada situação de sobrevivência... Enfim, eu sou um pouco viciado em filmes de terror.

Infelizmente, temos um problema nos dias de hoje: nada mais nos assusta. Já vimos de tudo, já vimos tantas coisas como: sangue, mutilação, orgãos internos ficando externos, todos os tipos de monstros, espíritos, serial killers de tudo que é jeito, que não temos mais como ficar com medo. 
Os filmes de terror de hoje em dia não nos deixam com medo como antigamente. Os filmes de terror, atualmente, nos dão sustos, não dão nojo e nos deixam levemente aflitos por alguns segundos. 
Por isso, mesmo com todo o hype, eu sempre vou com baixas expectativas quando se trata de filmes de terror, pois só assim posso me surpreender positivamente.

Unfriended foi muito falado desde o ano passado, quando saiu o trailer e as primeiras informações sobre o filme. Fiquei bastante animado na mesma hora em que vi o bendito trailer pois achei muito interessante a ideia de um filme se passar inteiramente na tela de um computador. Sinceramente? Não acreditei que seria possível fazer um bom filme assim, mas eu meio que me enganei.

O cenário de Unfriended é o MacBook de Blair. Ela é uma típica garota americana adolescente, usa o Facebook, Youtube, Spotify e o mais importante para a história, o Skype.
Numa noite tranquila, fazendo uma conferência no Skype, Blair e seus amigos se veem sendo perseguidos por uma conta misteriosa na rede social. Logo aos poucos eles vão relacionando tudo o que esta acontecendo com o suicídio de uma amiga, Laura Barns. Ah, e é claro, aos poucos, um a um vão ficado offline, se é que me entendem.

Sim, já adianto a vocês que eu gostei bastante do filme. Ele cumpre muito bem sua proposta, ele nos mostra a perseguição via Skype de um jeito não maçante. 
Temos uma boa introdução, a apresentação da personagem principal, depois de seus companheiros, logo após ela nos situar no caso de Laura a ação começa. 
A perseguição é bem intensa. Eu, pelo menos, consegui ficar bastante nervoso durante o filme todo. 
As mortes são muito bem feitas e bem organizadas, elas não são jogadas na nossa cara tudo de uma vez, mas também não demoram para aparecer. 
A atmosfera do filme cresce a cada minuto e tudo vai nos levando até o final, o grande climax, e o grande alívio quando a tela fica preta e o filme acaba.

Sobre as atuações, eu me surpreendi muito, por serem atores nível MTV (sim estou julgando), eu achei que eles não iam me convencer, mas olha que eles conseguiram, principalmente a Shelley Henning, atriz que conseguiu o papel da nossa protagonista. Suas expressões e gritos foram muito convincentes. 
As atuações juntas com o ambiente de tela de computador só melhoraram a experiência de assistir esse filme. Acho que o filme não funciona no cinema, a graça é ver no computador mesmo e se sentir dentro da tela.

Como eu sou o louco que gosta de fazer uma conexão com tudo que eu vejo pela frente, acho interessante a proposta do filme de falar sobre exposição na internet, a grande mensagem final que o filme nos passa é: cuidado com o que vocês postam na internet, crianças.
Achei genial a ideia de fazerem um filme que fala desse tema e usando a plataforma que usaram, principalmente nos dias de hoje em que saem tantas notícias por ai nos Facebooks da vida de uma menina que foi pega fazendo sexo oral em uma balada, ou de um menino transando na escola. 
Ou meninos e meninas conversando com estranhos online, se expondo por ai, tudo bem que o estranho pode não ser uma Laura Barns mas pode tão pior quanto ela, ele pode ser humano. É um tema muito importante de ser abordado e é muito legal ver isso transformado em um filme de terror. 


A internet é um perigo, a editora Darkside lançou um livro chamado Social Killers.com que fala muito sobre isso. Dá super para ligar o livro com o filme e fazer altas análises. Temos várias Laura Barns entre nós, pode ser que não seja do mesmo jeito que é mostrado no filme, mas ela esta aqui, por isso temos que sempre que pensar duas vezes antes de fazer algo. Tudo gera consequências.


Como a internet pode (literalmente) acabar com a sua vida

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domingo, 23 de agosto de 2015

Mês passado, no post de lidos do mês, eu dei um pequeno ataque quando comentei sobre Carrie do Stephen King. Podem ficar tranquilos que eu não vou surtar de novo, estou fazendo esse post bem calmo e sã.

Stephen King sempre foi o autor que eu mais tive vontade de ler a minha vida toda, mas sempre achei os livros dele muito caros, então sempre deixava ele um pouco de lado. Mas a vontade sempre aumentou, principalmente depois de ter visto a adaptação de 'O Iluminado' e ter lido criticas não tão positivas sobre o filme em comparação com o livro.

Bendito o dia em que eu estava na universidade, a caminho do restaurante quando me deparo com a minha querida feirinha de livros (a mesma feirinha que já comprei um hardcover de Deathly Hallows por 15 dilmas), e encontro Carrie. Uma edição antiga, velhinha, acabadinha, mas muito charmosa. E o melhor de tudo, custando 3 reais. Pensei duas vezes? Não.

Comprei o livro mas só fui ler depois de umas duas semanas. Mas assim, depois de ler a primeira frase, eu não consegui largar o livro. E quando eu digo isso, eu não estou exagerando.

Carrie, uma menina incomum, tímida, sozinha. Mora com a mãe, uma fanática religiosa. Sofre bullying na escola. Tem um dom escondido.
Após um "acidente" durante a aula de educação física, Carrie é humilhada, mas a partir deste momento ela descobre que é especial, que não é igual aos outros.
Tudo muda após uma brincadeira de mal gosto na festa de formatura. Todos vão pagar. E bem caro.

Stephen King conseguiu criar uma grande história e conseguiu desenvolve-la majestosamente em menos de duzentas páginas. Tantos detalhes, tantas descrições. Tudo é relevante. Nada é entediante.

Temos aqui uma história sobre os animais mais endiabrados do universo. Os adolescente. Como é um adolescente. Nossos medos, nossas frustrações, nossos desejos. O quanto podemos ser maus, O quanto podemos ser bons. Somos egoístas e nojentos, mas também somos menosprezados e incompreendidos. Temos medos tanto quanto temos sonhos. Tomamos atitudes erradas e não nos damos conta das consequências.

Nós nos achamos os melhores. Eu me acho o melhor, você se achar o melhor, ela se acha a melhor. Não nos damos conta do que tem ao nosso redor, do potencial dos outros. De que no fundo não somos os únicos aqui. Todos nós somos diferentes e somos igual do nosso jeito. Ninguém é perfeito, todos somos humanos. Todos somos estranhos.

De vem em quando me pego pensando, e se a Carrie era a única pessoa "normal" naquela escola e todos os seus colegas eram os estranhos? E se nós, individualmente, somos os normais e o resto a nossa volta são todos estranhos? Muita vezes nós nos sentimos os estranhos, deslocados, mas e se na verdade não é bem assim?

Stephen King nos faz lembrar como é ser humano. Ele nos mostra a Carrie que carregamos dentro de nós. Temos nossas emoções. Como eu disse, temos medos, desejos, mas para mim, um dos sentimentos mais poderosos que temos dentro de nós, o sentimento que mais nos faz humanos é a raiva.
É a raiva que mostra o quão humanos somos. O quão frágeis e carentes somos. É a raiva que determina nosso caráter. Como agimos. Como deixamos a raiva tomar conta de nós. Como nos controlamos Ou não.



Carrie e os estranhos

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